INESC TEC promove a cooperação internacional e o progresso nacional na avaliação da investigação
Investigação. Impacto. Avaliação. Colaboração. Reforma. Estas foram as palavras que mais se ouviram no primeiro fórum de discussão da CoARA - Coalition for Advancing Research Assessment, uma aliança internacional que tem como objetivo implementar uma reforma sistémica de avaliação da investigação, dos investigadores e das organizações de investigação, a nível global.
Investigação. Impacto. Avaliação. Colaboração. Reforma. Estas foram as palavras que mais se ouviram no primeiro fórum de discussão da CoARA - Coalition for Advancing Research Assessment, uma aliança internacional que tem como objetivo implementar uma reforma sistémica de avaliação da investigação, dos investigadores e das organizações de investigação, a nível global.
O evento, coorganizado pela CoARA, pelo INESC TEC, pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e pela Science Europe, decorreu nos dias 22 e 23 de fevereiro, na Alfândega do Porto, e teve como propósito explorar oportunidades de colaboração entre os países signatários deste acordo. O fórum serviu assim para a apresentação das secções nacionais já constituídas, incluindo a portuguesa, e todo o trabalho desenvolvido até ao momento, sendo posteriormente aberta a discussão em torno dos contextos e das motivações, das ações tomadas, dos resultados esperados e dos problemas e receios já detetados.
“Reunindo representantes de instituições internacionais e nacionais, dos National Chapters já existentes e daqueles que se encontram em constituição, incluindo o português, este foi um excelente momento para identificar e aprofundar áreas de colaboração entre os vários intervenientes, partilhar conhecimento e explorar sinergias”, explica João Claro, CEO do INESC TEC.
A estratégia agora deve orientar-se para a mobilização de parceiros, a avaliação de sistemas, a implementação de pilotos, e a elaboração de recomendações, tendo sempre como propósito a longo prazo a reforma da avaliação da investigação, potenciando a qualidade e o impacto do trabalho científico.
O que é a CoARA
A CoARA - Coalition for Advancing Research Assessment – é uma iniciativa internacional que surgiu em dezembro de 2022 e que já conta com mais de 600 membros de 46 países, incluindo Portugal. Considerando os contextos dos diferentes países, a CoARA contempla a criação de Secções Nacionais (em inglês, National Chapters), que apoiam na implementação dos compromissos do Acordo a nível nacional e regional. Estes grupos de trabalho promovem a articulação e a colaboração das entidades nos respetivos países, assim como a partilha de experiências e de diferentes realidades, para uma aprendizagem conjunta de todos os membros integrantes.
Atualmente, estão constituídas 11 secções nacionais (Espanha, Polónia, Ucrânia, Noruega, Itália, Chipre, Irlanda, Hungria, França, Suíça e Finlândia), sendo que a portuguesa se encontra na fase final de criação, num processo que tem sido coordenado pela FCT. Na mesma situação de finalização estão a Alemanha, o Reino Unido e a Suécia, totalizando assim até ao momento o envolvimento de 15 secções nacionais na plataforma, sendo que é possível iniciar o processo de integração no grupo a qualquer momento.
Entre as organizações envolvidas no seio destas secções estão centros de investigação e desenvolvimento, instituições de ensino superior, entidades financiadoras e autoridades nacionais e regionais. O esforço de cada país está agora em criar sinergias que permitam o trabalho colaborativo de todas estas organizações com vista ao desenvolvimento de sistemas que melhorem a investigação de forma transversal.
Um longo percurso em exploração
Desde a sua implementação que a CoARA tem vindo a acolher signatários com preocupações ligadas às áreas de investigação e desenvolvimento dos seus próprios países. Alguns têm um trabalho já sedimentado e conseguem apresentar propostas concretas para a melhoria deste sistema, outros estão ainda numa fase embrionária de implementação e aprendizagem.
“Olhar para as outras secções para ver as soluções implementadas e as suas vantagens, tais como o envolvimento de entidades associativas, a ligação estratégica de projetos pilotos a atividades de contexto como os concursos e as avaliações regulares, o desenvolvimento de ferramentas flexíveis, a mudança dual cultura-estrutura, ou a implementação de plataformas eficazes que suportem mecanismos de feedback, é essencial para o sucesso do nosso envolvimento”, afirma João Claro na apresentação da secção portuguesa.
As sugestões adiantadas pelos vários países que se encontram numa fase mais avançada de trabalho abarcam diferentes áreas, desde o recrutamento e progressão de carreiras, ao financiamento e avaliação de investigadores, projetos e instituições, ou a publicação de artigos científicos. É com base nesta troca de propostas que a plataforma da CoARA ambiciona unir esforços e produzir resultados benéficos para todos os intervenientes.
O caso português
Portugal não quis ficar de fora deste movimento emergente e que reúne iniciativas ao nível global para avaliar a implementar melhorias no ecossistema de investigação nacional. “Precisamos de olhar para a nossa realidade e articular todas as atividades. O sistema português é um pouco complexo com todas as suas dimensões, carreiras de docência e investigação, instituições de ensino superior e instituições de investigação públicas e privadas sem fins lucrativos, financiamento nacional e regional e respetivas entidades de gestão, entre outras. Tudo isto tem ainda como base uma legislação que procurar articular os diferentes atores e dimensões. Neste contexto, a nossa missão é contribuir para melhorar o sistema de avaliação de pessoas, equipas, projetos e instituições, potenciando o trabalho de investigação feito em Portugal e o impacto que pode ter na comunidade científica e na sociedade”, demonstra João Claro.
Os próximos passos passam por definir um plano de trabalho, alargar o envolvimento de instituições de áreas distintas, reunir esforços nacionais já em curso e direcioná-los para o propósito da aliança, e identificar obstáculos e como ultrapassá-los, estando sempre atento ao que outros países estão a desenvolver e promover.