De drones, a sensores que avaliam comportamento humano, passando por robôs autónomos - assim foi a participação do INESC TEC no Artex24
E se uma base aérea de instrução do Exército fosse usada como local de teste e recebesse, ao longo de 20 dias, soluções tecnológicas de ponta desenvolvidas por instituições de todo o país? Foi exatamente o que aconteceu na segunda edição do exercício ARTEX (Army Technological Experimentation), entre 17 de junho a 5 de julho 2024, no Campo Militar de Santa Margarida, em Constância, e o INESC TEC voltou a marcar presença.
Pretende fomentar a ligação do Exército português às entidades do Sistema Científico e Tecnológico e de Base Tecnológica e Industrial de Defesa, contribuindo para as atividades de investigação e desenvolvimento e, simultaneamente, para a dinamização da economia da Defesa a nível nacional e, por isso, pelo segundo ano consecutivo, o ARTEX juntou, no mesmo local, soluções tecnológicas, com possível aplicação militar, que se encontrem em fase de desenvolvimento.
O INESC TEC voltou a juntar-se à ao evento, mostrando tecnologias e soluções inovadoras com impacto nesta área.
Para António Gaspar, Business Developer do INESC TEC, esta é, por um lado, uma “oportunidade oferecida pelo Exército para testar soluções em ambientes operacionais militares, permitindo adaptar os nossos resultados de I&D a esta área de aplicação”. Por outro, confere uma enorme visibilidade “não só junto do Exército e das Forças Armadas de uma forma geral, mas também junto de todo o ecossistema de Defesa e Segurança nacional, potenciando novas oportunidades de colaboração com instituições e empresas”.
Usar um sistema de simbiose Homem-Máquina para situações de busca e salvamento é, no INESC TEC, um exercício diário que “consiste num conjunto de tecnologias que permite a um agente executar alguma operação no terreno e trabalhar colaborativamente com uma máquina”, explica o investigador do INESC TEC, Vítor Minhoto. No evento, foi utilizado um drone e desenvolvida uma comunicação implícita entre ambos.
“Isto é feito recolhendo sinais fisiológicos do humano e incluindo-os no ciclo de controlo do drone. Desta forma, o drone irá, ao longo da sua missão, ter uma representação interna do estado psicofisiológico do humano e, havendo uma alteração deste estado, poderá assistir caso seja necessário sem o agente enviar qualquer comando à máquina”, refere o investigador. O sistema desenvolvido pelo INESC TEC consiste, por isso, num conjunto de sensores wearable que os militares poderão usar e que medem o sinal cardíaco, respiratório, a temperatura corporal, a temperatura ambiente, a concentração de gases e partículas no ambiente, a luminosidade, entre outras. Vítor Minhoto garante que “estas medições são, depois, incluídas num sistema IoT onde um smartphone comunica com os sensores, agrega esta informação e a envia para uma estação de controlo no solo (em inglês Ground Control Station (GCS)) que, controla o drone conforme a missão que este tem de realizar e o estado computado do humano. Esta infraestrutura foi desenhada de forma a ser escalável e ser possível adicionar várias máquinas, sensores e humanos.”
Para além disso, explica o investigador, “foi também desenvolvido especificamente para o evento um sistema de informação representativo da posição dos militares em tempo real durante toda a operação”.
Quem também não faltou foi o Modular-E, um robô totalmente autónomo e elétrico desenvolvido pelo INESC TEC para operar no contexto da agricultura, capaz de realizar operações de corte e fertilização autonomamente. No contexto do ARTEX24, explica o investigador do INESC TEC, André Aguiar, “o Modular-E foi testado e validado na realização de operações de apoio logístico às tropas de forma autónoma e teleoperada”, em particular no âmbito de transporte de munições e combustível (reabastecimento), e no transporte de feridos.
Ao todo, o robô foi utilizado em duas fases do evento. Na primeira, foram feitos testes individuais para perceber junto do corpo do exército qual o potencial do robô para o contexto militar. Na segunda, adianta o investigador, “participou num exercício militar operando durante três dias (mais de 20 horas de operação) junto da força militar responsável pelo reabastecimento de tropas e transporte de feridos”.
O investigador do INESC TEC, Fernando Cassola Marques, levou à última edição do ARTEX, o projeto VR Training, “que consiste numa plataforma imersiva com recurso a óculos de realidade virtual, para treino, manutenção e certificação industrial”, explica. Trata-se de uma plataforma facilmente adaptável a qualquer cenário de treino que, neste caso concreto, “permitiu a experimentação de dois cenários: por um lado garantiu que mecânicos do exército pudessem experimentar a manutenção mecanica de veículos militares e, por outro, serviu de treino para manutenção de equipamentos militares diversos, armas, munições, etc”, esclarece.
“A presença do INESC TEC neste tipo de evento revela-se crucial, na medida em que ajuda a investigação que é feita a ter um sentido prático e aplicável em cenários quase reais”, defende o investigador, que acredita que a dimensão e a especificidade do evento, são, ainda, “um excelente cenário de testes e investigação que ajudam as tecnologias a evoluir e a tornarem-se cada vez mais diversificadas, atuais e preponderantes”.
O ARTEX é promovido pelo Centro de Experimentação e Modernização Tecnológica do Exército (CEMTEx) e juntou, este ano, 32 soluções tecnológicas a serem testadas em ambiente real.
Os investigadores mencionados na notícia têm vínculo ao INESC TEC.