Várias nacionalidades entram num auditório. O que é que acontece? Discutem ciência e depois celebram a multiculturalidade

Há várias atividades que celebram a multiculturalidade no INESC TEC, muitas delas organizadas por comissões, como a da Diversidade e Inclusão. Mas existem também grupos de investigadores que escolhem aliar a discussão científica a essa celebração. Todos os meses o investigadores da área da energia reúnem-se para uma sessão a que chamam sessões científicas ou de brainstorm. No final? Celebram a multiculturalidade de diferentes formas. Recentemente foi a vez de a celebrarem através de um lanche multicultural, onde a gastronomia esteve em destaque.
Mas vamos por partes. Primeiro a ciência. A tarde começou com várias intervenções subordinadas a diferentes áreas de investigação: 1) planeamento, fiabilidade e resiliência dos sistemas elétricos; 2) funcionamento, gestão e automatização de redes elétricas; 3) gestão ativa do consumo de energia elétrica, 4) sistemas multi-energia; 5) mercados de eletricidade e regulação; 6) integração de energias renováveis e sistemas de armazenamento; e 7) desenvolvimento de software para o sector energético. Durante três horas, os investigadores do INESC TEC ligados à área de energia apresentaram 12 temas, que resultaram então em sete painéis de discussão.
Para Ricardo Bessa, coordenador do INESC TEC nesta área, “é cada vez mais importante promovermos uma investigação multidisciplinar para o sector energético e também criar uma cultura de ciência nos investigadores mais jovens. Esta discussão permitiu-nos identificar linhas de investigação promissoras, como por exemplo a modelação e simulação de um sistema elétrico cada vez mais dependente do clima ou a otimização centralizada vs distribuída em sistemas elétricos, mas também identificar novas competências a desenvolver como a inteligência artificial generativa ou os fundamentos matemáticos de mercados de electricidade”.
A seguir à ciência, a celebração da multiculturalidade. A ideia não é nova no INESC TEC. Fez-se, aliás, durante vários anos a nível central. Mas, desta vez, foram os investigadores da área da energia que encabeçaram esta iniciativa, trazendo (literalmente) para a mesa iguarias de quase 30 nacionalidades diferentes, como o ceviche do Equador, o Pashmak - um doce iraniano tradicional, semelhante ao algodão doce -, o tiramisu de Itália ou o Basbousa, um bolo de sêmola embebido em calda, tradicional da zona do Médio Oriente (e, neste caso, a representar o Sudão). Não faltaram também os exemplares da comida tradicional portuguesa como os enchidos, a bola de carne ou os pasteis de nata, provando que comer é uma experiência verdadeiramente universal.
“Em todas as culturas, ao longo da história, a mesa tem sido um espaço de encontro e entendimento. O ato de comer em conjunto humaniza, quebra distâncias e abre caminho para o diálogo”, defende o investigador José Pedro Sousa.
Além da gastronomia, partilharam-se tradições e música, numa tarde muito animada. De acordo com o investigador Pedro Pascoal, natural do Brasil, o lanche multicultural “além de ser um momento de confraternização, também é uma oportunidade de conhecer melhor os colegas e suas raízes. Para mim, estes momentos ajudam a fortalecer e criar amizades, de um de uma forma leve e descontraída”.
No universo do INESC TEC cruzam-se, diariamente, centenas de pessoas de diferentes culturas. Cada uma com a sua história e, por vezes, com poucos momentos para a partilhar. E porque não começar pela comida? “Ao partilharmos comida, partilhamos também a nossa cultura, a nossa história e, inevitavelmente, partes de quem somos. É em encontros como este que se começa a construir algo maior do que um grupo de trabalho e se criam laços, se gera confiança e se estreita a distância entre conhecidos desconhecidos”, acrescenta José Pedro Sousa.
Os investigadores mencionados na notícia têm vínculo ao INESC TEC.