INESC TEC reforça presença internacional com contribuições novas na área de sistemas de armazenamento e redes
O INESC TEC marcou presença em setembro em duas das conferências internacionais mais prestigiadas nas áreas de bases de dados e redes, a VLDB e a SIGCOMM. Os investigadores que participaram levaram ao debate internacional novas fronteiras em armazenamento, tolerância a faltas e sistemas operativos.
De 1 a 5 de setembro, em Londres, decorreu a 51.ª edição da VLDB – International Conference on Very Large Databases (VLDB) -, onde o INESC TEC apresentou o artigo “Keigo: Co-designing Log-Structured Merge Key-Value Stores with a Non-Volatile, Concurrency-aware Storage Hierarchy”. O trabalho introduz o KEIGO, um sistema de armazenamento inovador que propõe uma nova forma de gerir e armazenar informação em centros de dados, maximizando o desempenho do hardware moderno.
A investigação, desenvolvida em colaboração com a McGill University, responde a um dos maiores desafios atuais da computação: tirar o máximo partido das memórias não voláteis (NVMM), que são dispositivos extremamente rápidos, mas de integração complexa. O KEIGO apresenta-se como uma solução inteligente e pouco intrusiva, capaz de otimizar automaticamente a distribuição de ficheiros por diferentes tipos de armazenamento, equilibrando desempenho, capacidade e paralelismo.
“Os resultados mostram melhorias significativas face a soluções genéricas e até especializadas”, destaca Rúben Adão, investigador do INESC TEC na área de sistemas de armazenamento e coautor do artigo. “Esta abordagem aproxima-nos de uma nova geração de sistemas de armazenamento, capazes de combinar o melhor do hardware moderno com software inteligente”, acrescenta o investigador.
Ainda na VLDB e no âmbito do PhD Workshop, o INESC TEC apresentou o artigo “Assessing the Fault Tolerance of Data-Centric Applications”, que explora novas metodologias para avaliar a tolerância a faltas em aplicações críticas. O trabalho inclui o desenvolvimento da ferramenta LazyFS, capaz de injetar faltas e reproduzir bugs de perda de dados, apresentado na edição de 2024 da mesma conferência.

Já na conferência ACM Special Interest Group on Data Communication (SIGCOMM), durante a 3.ª edição do workshop em eBPF and Kernel Extensions (eBPF’25), outra equipa do INESC TEC apresentou o estudo “No Two Snowflakes Are Alike: Studying eBPF Libraries’ Performance, Fidelity and Resource Usage”. O artigo faz uma avaliação sistemática de cinco bibliotecas eBPF, analisando o seu desempenho, eficiência e fidelidade, contribuindo para a compreensão dos compromissos de cada biblioteca no uso do eBPF para a observabilidade do sistema operativo.
“Mostrámos que não há duas bibliotecas iguais. Cada uma apresenta compromissos distintos e comportamentos variáveis conforme o cenário de utilização”, explica Carlos Machado, investigador do INESC TEC na área de sistemas operativos.

A tecnologia eBPF tem vindo a ganhar interesse tanto na academia como na indústria, sendo hoje amplamente usada por empresas como Google, Meta e Netflix, em áreas que vão desde segurança e monitorização de sistemas até otimização de redes. O estudo do INESC TEC contribui para uma utilização mais informada e eficiente destas ferramentas em larga escala.
Com estas participações, o INESC TEC reforça o seu papel na investigação internacional em sistemas distribuídos, armazenamento de dados e sistemas operativos, demonstrando a capacidade da ciência portuguesa de inovar e influenciar práticas globais em infraestruturas digitais críticas.
Os investigadores mencionados na notícia têm vínculo ao INESC TEC e à Universidade do Minho (UMinho).
