Qual o impacto real dos microplásticos nos ecossistemas marinhos? INESC TEC na criação de um equipamento capaz de fazer essa identificação

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Que os microplásticos têm um impacto nos organismos e nos ecossistemas marinhos, não é novidade. Há, no entanto, ainda por fazer a nível científico no que diz respeito à avaliação do real impacto que têm e, para isso, são necessárias ferramentas que permitam, por um lado, recolher novos dados ambientais, fazer uma avaliação e, com tudo isto, melhorar o conhecimento científico sobre como os microplásticos afetam o plâncton e o funcionamento dos ecossistemas.


Todo este trabalho está a ser desenvolvido por INESC TEC e CIIMAR, no âmbito do projeto Planktastic. No final? Pretende-se também apoiar políticas públicas de prevenção e gestão da poluição por plásticos através de dados mais fiáveis e acessíveis.

Chama-se Planktastic o novo projeto aprovado através do programa de financiamento P2030, que junta INESC TEC e CIIMAR. Se até hoje o estudo de microplásticos exige a recolha de amostras e respetiva análise em laboratório, é precisamente esse paradigma que as duas instituições querem alterar, tornando possível a deteção automática e em tempo real.

Com o novo sistema que será criado através do Planktastic, vai ser possível detetar e classificar microplásticos e plâncton com base em imagem hiperespectral, criar metodologias pioneiras de imagiologia, mas aplicada ao ambiente marinho e recolher grandes volumes de dados, de forma mais rápida e económica, para investigação e gestão ambiental.

Ao INESC TEC cabe desenvolver um novo sistema de deteção in situ, isto é, um equipamento capaz de identificar e caracterizar microplásticos diretamente na água. O sistema vai juntar câmaras de alta resolução e iluminação de multicomprimento de onda – passíveis de observar partículas sob diferentes cores de luz -, processamento embebido e inteligência artificial - através de técnicas de deep learning para distinguir plâncton de microplásticos -, e operação autónoma, para permitir recolher dados em embarcações de oportunidade, como barcos de pesca ou de investigação.

“No âmbito do projeto vamos organizar uma série de campanhas de validação, nomeadamente nos estuários do Douro e do Lima”, explica Alfredo Martins, investigador do INESC TEC que vai liderar o projeto.

No que diz respeito ao impacto na ciência, o Planktastic vai permitir impulsionar o uso de inteligência artificial e imagem hiperespectral na área das ciências do mar, tecnologias ainda muito pouco utilizadas neste campo, e vai também gerar novos dados e metodologias que podem vir a ser utilizados por outros cientistas a nível mundial.

Como já referido, o impacto na sociedade passa por “compreender melhor os efeitos dos microplásticos nos oceanos e na vida marinha, apoiar políticas públicas e estratégias ambientais com dados científicos sólidos e envolver cidadãos e instituições através de iniciativas de ciência-cidadã, onde barcos comuns podem ser utilizados para recolha de dados para o projeto”, explica Alfredo Martins.

Para além disso, o sistema pode vir a ser comercializado por empresas tecnológicas, criando oportunidades económicas e reforçando a liderança portuguesa na área da monitorização ambientais.

O projeto Planktastic representa, assim, um passo importante para perceber e combater a poluição por microplásticos.

 

O investigador mencionado na notícia tem vínculo ao INESC TEC e ao IPP-ISEP.

 

 

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