O futuro dos tratamentos cirúrgicos da epilepsia: identificar padrões de conectividade
Sabia que o INESC TEC está a desenvolver uma ferramenta de apoio à decisão clínica que vai ajudar os médicos a analisar sinais cerebrais e até a planear cirurgias para doentes com epilepsia?
Os resultados preliminares do trabalho do investigador José Almeida foram apresentados no 36th International Epilepsy Congress, um dos maiores eventos na área da epilepsia a nível mundial. Com base nos sinais intracranianos de doentes com epilepsia, é possível explorar a relação entre variações nos padrões de conectividade do cérebro com o início de crises.
“Demonstrámos que as áreas envolvidas no foco epileptogénico têm um comportamento de conectividade distinto, o que nos permite distingui-las das restantes. Este tipo de análise acrescenta informação quantitativa e objetiva ao processo clínico, em contraste com a abordagem tradicional baseada apenas em interpretação visual”, explica José Almeida.
A epilepsia é uma doença que ainda deixa muitas dúvidas e a análise deste tipo de sinais intracranianos com métodos de conectividade abre portas para portas para entender de forma mais clara os mecanismos neuronais desta condição.
Mas o investigador do INESC TEC quer ir ainda mais longe. Atualmente, está a desenvolver um protocolo inovador para apoiar a termocoagulação, um procedimento cirúrgico que utiliza os elétrodos intracranianos do EEG para emitir impulsos de radiofrequência e destruir pequenas áreas do tecido cerebral responsáveis pelas crises.
“Queremos otimizar a análise destas características e usá-las para o desenvolvimento de modelos de inteligência artificial para a seleção das áreas-alvo do cérebro durante o planeamento das terapias de epilepsia fármaco-resistentes”, acrescenta José Almeida.
Esta investigação, desenvolvida em estreita colaboração com a Equipa de Epilepsia do Serviço de Neurologia do Hospital de São João, reforça o papel do INESC TEC como ponte entre a ciência e a prática clínica. “Esta parceria é fundamental para levarmos o conhecimento gerado em ambiente de investigação para o contexto hospitalar e garantir a sua aplicabilidade”, sublinha o investigador.
O investigador mencionado na notícia tem vínculo ao INESC TEC.
