A IA faz-se de “primaveras, invernos” e (muitas) perguntas: Alípio Jorge foi ao passado, projetou o futuro – e tentou as respostas

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O que é a Inteligência Artificial e porque está no centro das atenções? Como funcionam os modelos de linguagem que usamos todos os dias? Que papel pode ter a IA Portugal e até onde poderá chegar? As respostas passaram pelo Salão Nobre da Reitoria da Universidade do Porto (U.Porto), onde o investigador do INESC TEC Alípio Jorge conduziu a sessão “Inteligência Artificial: onde estamos em 2025?” 


Para responder à pergunta, Alípio Jorge embarcou numa viagem pelos últimos 70 anos. Do Teste de Turing como ponto de partida para as “primaveras e invernos” do desenvolvimento da Inteligência Artificial, passando pela “explosão de dados” com o advento da web 2.0 e, finalmente, a chegada aos já bem conhecidos sistemas LLM (Large Language Model). 

“A Inteligência Artificial é uma disciplina com muitas décadas, com 70 anos, mas estamos agora aqui a falar de Inteligência Artificial porque ela chegou à economia, porque ela se tornou suficientemente prática para ter um impacto importante na economia, e também para ter uma influência na sociedade”, explicou o investigador do INESC TEC e um dos maiores especialistas portugueses em inteligência artificial e ciência de dados. 

Nesta que foi a terceira sessão do Centro de Conferências da U.Porto, que quer ser um “espaço privilegiado de diálogo e reflexão crítica sobre os grandes desafios da atualidade”, Alípio Jorge reforçou ainda os desafios ambientais e sociaisque já estão na ordem do dia: desde o maior consumo de energia e água ao impacto da IA na produção de desinformação – “que pode ser difícil de controlar”, pontuou o investigador. 

Quando foi tempo para olhar para dentro e para as estratégias que Portugal está a adotar neste campo, Alípio Jorge destacou a recém-criada Agenda Nacional de Inteligência Artificial, o Amália – o LLM português –, e um projeto que quer aumentar a transparência da administração pública. Liderado pelo INESC TEC, o CitiLink criou algoritmos IA com foco no Processamento de Linguagem Natural (NLP) para interpretar e resumir atas de reuniões camarárias. 

Perante este cenário, caminhando para um futuro com mais incertezas do que certezas, resta a pergunta: “qual o futuro para a inteligência artificial?” Segundo Alípio Jorge, tem muito para andar muitas coisas para fazer” e o devir será pautado por uma melhor colaboração entre pessoas e máquinas, o desenvolvimento das questões da ética e da camada moral e pelos “novos paradigmas da computação, como a computação quântica, a computação neuromórfica, ou até a computação de base biológica, que poderão resolver os problemas relacionados com a energia da IA atual baseada em silício.” 

Resumindo: “Todos queremos que a Inteligência Artificial faça as coisas chatas para nós fazermos as coisas divertidas. Esperemos que não seja o contrário e não estejamos nós a lavar a roupa e a Inteligência Artificial a escrever poemas e a pintar quadros.” 

O investigador mencionado na notícia tem vínculo ao INESC TEC e à Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.  

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